A esquizofrenia é marcada por delírios e alucinações. Pacientes precisam de tratamento e de uma rede de apoio sem preconceitos. Saiba mais.
O que é esquizofrenia
A esquizofrenia é um transtorno grave, mais conhecido pelos sintomas psicóticos, ou seja, que caracterizam uma perda de contato com a realidade. Esse quadro é perceptível muitas vezes por sentimentos de perseguição, delírios (como acreditar que um chip de monitoramento foi implantado em seu cérebro), alucinações (como ouvir vozes) e atos de megalomania.
Veja mais: Ouça aqui nosso podcast sobre esquizofrenia.
O estigma é enorme, ainda mais porque às vezes surgem na imprensa casos de violência envolvendo pacientes com o distúrbio. Agressividade, porém, não é um marcador frequente, e existem tratamentos que permitem alcançar uma vida funcional e bem ajustada.
Fatores de risco
- Raramente ela começa na infância. Costuma aparecer a partir dos 20 anos, mais em homens;
- Importante: A esquizofrenia não é CAUSADA por algum trauma quando criança. Situações estressantes, como a perda de um emprego ou de uma relação importante, podem desencadear a doença em quem já tem predisposição, mas a causa está ligada provavelmente a questões genéticas e alterações neuroquímicas e estruturais do cérebro;
- Familiares que têm esquizofrenia;
- Problemas específicos na gestação e parto, como falta de oxigenação em algum desses momentos;
- Nascimento prematuro ou com baixo peso;
- Abuso de substâncias (lembre-se que bebidas alcoólicas também contam).
ATEÇÃO: Abuso de substâncias, prematuridade e problemas no parto são fatores de risco, mas eles trabalham junto com a predisposição genética, não sozinhos. É o mesmo que ocorre com situações estressantes que servem de gatilho: O estresse em si não causa o transtorno, é necessário que a pessoa já tenha suscetibilidade à esquizofrenia.
Sintomas
Os sintomas são graves e afetam diretamente o dia a dia da pessoa, causando problemas em várias esferas, seja em casa, com amigos ou no trabalho:
- Alucinações (são alterações de percepção da realidade, como a sensação de que estão lendo sua mente ou de que pensamentos estão sendo “inseridos” na pessoa);
- Delírios (são crenças baseadas em algum elemento da realidade, como acreditar que determinados sons são mensagens cifradas, ou que livros, jornais, letras de música ou programas de TV sejam direcionados à pessoa, estejam falando dela ou com ela. Geralmente não adianta dizer que tais ideias não sejam reais; o paciente as considera verdades irrefutáveis);
- Apatia (mostrar pouca ou nenhuma emoção);
- Desinteresse geral, mesmo em atividades que antes eram apreciadas;
- Se comunicar pouco de forma geral;
- Falta de energia;
- Pensamentos confusos e dificuldade de concentração;
- Desconfiança exagerada;
- Isolamento social, frequentemente em decorrência dos sintomas anteriores;
- Pessoas com esquizofrenia podem ter crises violentas, ainda mais sem tratamento, mas essa propensão não é maior que a encontrada em pessoas sem o transtorno. Em geral, tais surtos estão associados aos delírios e alucinações;
Diagnóstico
Não há um exame específico para detectar a esquizofrenia, mas um médico pode fazer o diagnóstico a partir dos sintomas, que precisam estar presentes por no mínimo seis meses. É fundamental descartar outros possíveis diagnósticos, pois transtornos como depressão e bipolaridade, ou mesmo o abuso de substâncias, podem provocar quadros parecidos com o da esquizofrenia.
Tratamento da esquizofrenia
A esquizofrenia sempre exige medicamentos, que ajudam no controle dos sintomas psicóticos e daqueles que dificultam o engajamento na terapia, como a apatia e a falta de energia.
A psicoterapia é essencial para ajudar no treinamento de habilidades que permitam a manutenção da vida social, como resiliência e gerenciamento do estresse.
Manter contato regular com um psiquiatra também é fundamental para estar sempre a par das necessidades de cada momento e ajustar o tratamento conforme o quadro.
Outra necessidade é promover uma educação comunitária. Como deu pra notar, o tratamento é complexo e exige disciplina, portanto, ajuda muito manter contato com amigos, familiares e outras pessoas ao redor para deixá-los sempre informados sobre como anda o quadro. Assim, eles podem dar suporte e contribuir para motivar eventuais mudanças.
Como sempre, quanto antes começar o tratamento, maiores as chances de os resultados serem positivos. Ainda assim, tenha ciência de que mesmo seguindo tudo à risca, pode haver recaídas que exijam hospitalização. É a hora de acionar os profissionais e o círculo de contatos para rever o tratamento e implementar ajustes.
Recado Entrementes
Pacientes que não podem ter uma vida independente porque os sintomas são muito graves e o tratamento disponível não funcionou são uma minoria. Vale procurar assistência até encontrar uma prescrição e um conjunto de medidas que permitam a inserção social. Esse recado vale também para quem não é paciente, pois uma rede de apoio informada, consciente, solidária e sem preconceitos é essencial para o sucesso do tratamento.